Os ferimentos são muito comuns na mão e membro superior.
São divididos em ferimentos limpos, quando não há contaminação evidente, ou contaminados.
Podem ou não estar associados a contusões, fraturas e outros traumatismos, ou podem ser simples cortes acidentais ( faca de cozinha, lâminas, etc).
Os ferimentos que afetam tendões e nervos são tratados pelo cirurgião de mão.
Igualmente às fraturas, a maioria das lesões cortantes dos tendões e nervos, não necessita ser reparada de imediato, em pronto socorro.
Caso haja no pronto socorro equipe especializada e material delicado, incluindo microscópio cirúrgico ou lupa microcirúrgica, os reparos podem ser feitos no momento do atendimento. Caso contrário, como é mais comum ocorrer, não há prejuízo no resultado quando se faz uma limpeza criteriosa e sutura da ferida de pele, aguardando algumas horas ou dias até que as condições locais estejam ideais, bem como o planejamento e a equipe, sejam providenciados.
Em termos gerais, o resultado do tratamento cirúrgico das lesões dos tendões e dos nervos variam muito, conforme a gravidade do ferimento inicial, sua localização anatômica, e o tipo de lesão sofrida ( por corte, por contusão, estiramento ou arrancamento, e assim por diante).
O reparo dos nervos sensitivos costuma proporcionar bons resultados, bem como da maioria das lesões de tendão. Já os nervos mistos e motores, têm menor potencial de cura, mas mesmo assim, podem obter melhoras expressivas com uma cirurgia reparadora bem sucedida.
É mais importante um bom diagnóstico e uma boa reparação, do que a realização de ato cirúrgico emergente, que às vezes pode ser intempestivo.
Definições:
Nervos sensitivos: são os que proporcionam somente a sensibilidade ( tato, temperatura, consistência)
Nervos motores: inervam os músculos, proporcionando sua contração por consequência o movimento.
Nervos mistos: possuem função sensitiva e motora, com fibras de ambas as funções.
Tendinite é um nome genérico, que significa inflamação de tendão ou tendões.
Ao contrário do que muitos pensam, a tendinite em si, não se origina do uso de computadores ou de digitação; muito pelo contrário, a doença tendinite é conhecida desde dezenas de anos antes da existência de computadores. E por incrível que pareça, nunca foi associada à datilografia, mesmo que saibamos que os datilógrafos “digitavam” muito rápido e necessitavam muito maior esforço para tal.
Bem, mas voltando às tendinites:
- Tendões são estruturas fibrosas que servem para fixar os músculos nos ossos, tanto em sua origem como em sua inserção (seu final) e assim permitir o movimento articular.
Assim, exitem tendões espalhados por todo o corpo, onde quer que haja um músculo esquelético, haverá tendões para permitir-lhe funcionalidade. Por isso, pode haver tendinite em várias partes do corpo, tanto em membros superiores como em membros inferiores, bacia, quadris.
Há muitos tipos de tendinites. As mais conhecidas são as que acometem os membros superiores, sendo clássica a tendinite dos extensores do polegar na parte lateral do punho ( chamada de De Quervain, em homenagem ao seu descritor), a tendinite de origem dos extensores e/ou dos flexores no cotovelo ( epicondilite, cotovelo de tenista, cotovelo do golfista), a tendinite do supra-espinal nos ombros ( tratada em outro tópico, sobre o manguito rotador), a tendinite por micro-movimentos de repetição , ou L.E.R. ( aí sim, a do digitador), as tendinites estenosantes de flexores ( dedos em gatilho, por exemplo), e muitas mais. A tendinite, quando não bem resolvida, pode levar a outras doenças, como por exemplo a síndrome do túnel do carpo, abordada especificamente, em outro artigo.
Como se pode ver, com tantas causas, há diversos tipos de tratamento; o tratamento clinico com medicação, fisioterapia, acupuntura ou infiltração, são armas muito poderosas, entre outras.
E em determinados tipos de tendinite, quando não se obtém resultado satisfatório com tratamento clínico, se lança mão de cirurgias, que são de grande valia e efetividade, quando bem indicadas e realizadas de forma criteriosa e tempestiva.
O manguito rotador é um conjunto de tendões terminais dos ombros
Sídrome do manguito rotador é um nome genérico, que se refere a um conjunto de sintomas que podem ter como causas várias situações diferentes, podendo haver, entre outros, sinais de bursite, tendinite dos componentes do manguito (em que se salienta o tendão do suprespinhoso, ou supraespinal).
Entre os sintomas salienta-se a dor no ombro, e a dificuldade de elevar o ombro e mantê-lo em posição elevada por algum tempo. Muitas vezes há dor maior à noite.
A causa principal da síndrome do manguito rotador é uma diminuição do espaço localizado sobre a cabeça do úmero, gerado por um esporão ( saliência) ósseo, ou por espessamento das estruturas capsulo-ligamentares da região que por sua vez se origina de atrito pelo próprio movimento, micro-traumas, inflamações, tendência pessoal genética, entre outra causas.
O diagnóstico é clínico, e comumente se confirma com raio x, ultrassonografia, e /ou ressonância nuclear magnética.
O tratamento da síndrome do manguito rotador é conservador, com medicação e fisioterapia, e às vezes infiltração com antiinflamatório hormonal (corticoides), exceto nos casos mais avançados, em que há ruptura tendinosa, ou quando o tratamento clinico não obtém resultado satisfatório.
Nesses casos se lança mão de procedimentos cirúrgicos, para os quais há uma vasta gama de técnicas, dependendo de cada caso, e os resultados, via de regra são muito bons, em que pese sua recuperação, às vezes, ser um tanto prolongada.
Como todos sabem, ortopedia e traumatologia é a especialidade médica “que cuida dos problemas dos ossos”; grosso modo, é claro que é isso mesmo. Mas, na verdade, é um pouco mais do que isso; o traumato-ortopedista cuida, entre ouros, dos problemas do sistema musculoesquelético, que é bastante complexo, com fraturas, artrite, artrose, distensões musculares, doenças dos tendões e nervos, desvios de coluna, entre outro.
O que vemos no dia a dia, é que as pessoas têm certa dificuldade de localizar o médico certo para certas ocasiões e problemas como as citadas acima;
Muitos desses problemas são tratados exclusivamente pelo ortopedista, ou em conjunto com o reumatologista, neurologista, com o especialista em coluna, bem como com equipe de fisioterapia, hidroterapia, etc... .
Assim, é importante que o indivíduo que tenha algum sintoma ou sinal com repercussão no aparelho locomotor, sistema musculoesquelético, articulações, etc..., seja examinado, diagnosticado e adequadamente orientado e tratado, muitas vezes por equipe multidisciplinar.
Fisioterapia, um tema vasto:
O fisioterapeuta é um grande aliado do médico, em quase todas as especialidades.
Particularmente na ortopedia, essa aliança é fundamental, no tratamento e reabilitação de muitas condições, como desvios de coluna, hérnias de disco, lombalgias (dores lombares), dores na coluna em geral, desvios da coluna, problemas de postura, dores articulares, entre outras.
Modernamente, doenças de causa postural e tensional, são muito relevantes no dia a dia da população, e o tratamento da causa, inclusive preventivo, é de relevância para o bem estar e melhora geral da saúde da pessoa.
A fisioterapia, a nosso ver visa recuperar o paciente durante e após tratamento de traumatismos, fraturas, contusões e distensões, porem também tem o fim de tratar desvios da coluna, contraturas musculares tensionais e por stress do dia a dia, inclusive preventivamente, novamente no sentido de otimizar a qualidade de vida do paciente.
As pessoas costumam perguntar o que é melhor:
- Fisioterapia, RPG, ou Pilates?
Na nossa visão, não existe essa divisão. A fisioterapia é uma vasta área de conhecimento e atuação.
RPG, Pilates, fisioterapia motora tradicional e não convencional, são técnicas, em meio a muitas outras; o profissional da fisioterapia deve, idealmente, conhecer e aplicar uma vasta gama desses conhecimentos e técnicas, para tratar o seu paciente; a divisão em categorias ajuda no ensino e aprendizado dessas técnicas, porem sua aplicação, no nosso entendimento, pode e deve ser mesclado, de acordo com a necessidade da pessoa ou do paciente.
Apenas como exemplo, uma pessoa que faz tratamento preventivo de escoliose ou lombalgia, ou mesmo hérnia de disco, e vem sendo acompanhada por fisioterapeuta, pode sofrer uma fratura, ou uma distensão muscular, por exemplo. Certamente, aquele (a) profissional que já conhece o paciente e suas características, será a melhor opção para tratá–lo, na reabilitação dessa nova condição, e então, com técnicas diferentes, que naquele momento, serão as melhores, em associação com o tratamento que vinha sendo aplicado.
Resumindo, o fisioterapeuta, trata de uma pessoa, não de uma fratura, uma mão, um cotovelo, um joelho ou uma coluna, portanto, ele faz um tratamento, preferencialmente de visão global, daquele indivíduo, e, para isso, lança mão de diversas técnicas de seu arsenal.